Tremor Na Costa De Vera Cruz Reacende Alerta Sobre Atividade Sísmica Na Bahia

Um terremoto de magnitude 3.0 foi registrado recentemente na costa do município de Vera Cruz, na Bahia. Segundo o coordenador do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Aderson Nascimento, moradores da região relataram ter sentido o tremor. Não há, até o momento, confirmações de que o abalo tenha sido percebido em Salvador.

O fenômeno foi identificado pela Rede Sismográfica do Nordeste, operada pela UFRN em colaboração com o Observatório Nacional, a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com Nascimento, tremores dessa magnitude são classificados como de baixa intensidade e, geralmente, causam efeitos limitados, como ruídos e movimentação de portas e janelas, especialmente para quem está mais próximo ao epicentro.

A atividade sísmica na região do Recôncavo Baiano já foi registrada em diferentes momentos da história, com relatos que remontam ao período colonial. Estudos conduzidos por pesquisadores como José Veloso e Joaquim Ferreira indicam que os tremores são recorrentes tanto no interior do estado quanto no litoral. Um dos episódios mais significativos ocorreu em Amargosa, com um abalo de magnitude 4.2.

O pesquisador explica que a origem desses eventos está associada à reativação de falhas geológicas em áreas intra-placa — regiões situadas no interior das placas tectônicas. Segundo ele, é provável que o tremor tenha origem em uma falha submarina, não visível na superfície, mas detectada por sensores instalados em diferentes pontos do território.

A rede de monitoramento da atividade sísmica no Brasil conta com o apoio do Serviço Geológico Brasileiro e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No Nordeste, cerca de 20 estações são mantidas pela UFRN, complementadas por outras unidades independentes.

As informações coletadas são públicas e repassadas à Defesa Civil. Nascimento alerta que, embora eventos sísmicos no país costumem ter magnitude baixa ou moderada, ainda podem provocar danos em construções com menor resistência estrutural. Há registros de prejuízos em municípios como João Câmara (RN), Amargosa (BA), além de localidades no Ceará e em Pernambuco.

O coordenador ressalta a necessidade de ações preventivas e de orientação à população, realizadas em parceria com as Defesas Civis estaduais. “É fundamental que as pessoas saibam como agir em caso de tremor. O principal risco é a queda de objetos, por isso é importante buscar abrigo e, em caso de suspeita de danos à residência, acionar a Defesa Civil”, afirmou.

O Laboratório de Sismologia da UFRN mantém contato com os órgãos de Defesa Civil da região e atua no apoio técnico para estratégias de resposta a esses fenômenos.