“Não existe infecção cão-homem”, explica coordenadora de Zoonoses sobre a Leishmaniose
Escrito por Agência DM3 em 01/06/2024
A dengue, a Zika e a Chikungunya são doenças causadas pela picada de insetos. Outra doença que também é causada pela mesma ação, mas por um mosquito diferente é a leishmaniose. A doença grave, transmitida pelo protozoário Leishmania Chagasi, pode afetar humanos e animais. Em Feira de Santana, sete casos foram confirmados de janeiro a abril deste ano.
Para saber mais sobre o assunto, o Acorda Cidade conversou com Mirza Cordeiro, coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses que explicou detalhes esclarecedores que caracterizam a Leishmaniose Visceral nos seres vivos causada pelo inseto palha, denominado de flebotomíneo (Lutzomyia longipalpis).
Coordenadora do centro de zoonoses – mirza Cordeiro – ft – Ed Santos – acorda cidade
Mirza Cordeiro | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Não existe a infecção cão-homem, precisa de um mosquito, de um vetor para poder acontecer a doença. Então, a leishmaniose visceral nos cães apresentam sintomas como magreza, alopecia em volta dos olhos, unha grande, o animal fica debilitado em função da doença e nos seres humanos também tem um quadro que ataca principalmente a parte do fígado e do baço”, explicou.
Nos humanos, os principais sintomas são febre, tosse, dor abdominal, anemia, perda de peso, diarreia, fraqueza, aumento do fígado e do baço, como explicou a coordenadora, além de inchaço nos linfonodos (estruturas que funcionam como filtros no corpo).
Para diagnosticar a doença em animais existem testes rápidos que podem ser realizados pelo Sistema Único de Saúde (Sus) através do Centro de Zoonoses do município. Basta levar os bichinhos no local para realizar a coleta de sangue e em 20 minutos o resultado já fica disponível.
“O animal testando positivo a gente faz a segunda prova e envia o soro deste animal para o Lacen, para atestar se esse animal realmente é positivo para Leishmaniose”, explicou.
Nas pessoas, o procedimento também é similar. Para diagnosticar é preciso procurar uma Policlínica ou uma Unidade Básica de Saúde para realizar o exame. Sendo positivado de primeira, o teste é enviado ao Lacen para aprofundar o rastreio. Clínicas particulares também realizam os testes.
No Centro de Zoonoses, de janeiro até abril deste ano, 34 animais realizaram o teste, destes, sete testaram positivo.
Foto: Secom
Outra política pública que a população pode contar é o Programa de Leishmaniose, ligado ao Ministério da Saúde, realizado pelos agentes de endemias. Combatendo a fonte do problema, os profissionais atuam contra os focos dos mosquitos através da borrifação e detectando animais positivados em áreas da cidade e tratando a doença nesses bichinhos.
“A forma de prevenção é encoleirar esses animais. Existe uma coleira específica para evitar a doença. Existem produtos colocados no dorso do animal e protege contra o mosquito”, explicou.
Assim como outras doenças que podem ser evitadas com a colaboração de todos, a Leishmaniose é assim. Para se proteger é preciso usar repelente, proteger as casas e ambientes fechados para não entrar mosquitos.
Combater na fonte é imprescindível, evitando acúmulo de lixo, de restos de alimentos, de matéria orgânica que eles possam se alimentar, frutos apodrecidos, vegetais em decomposição e fezes de animais. Por isso, a higiene pessoal e do ambiente é fundamental.
“Casas próximas a galinheiros também evitam matéria orgânica de galinheiros, então isso tudo precisa ser prevenido, principalmente na zona rural”, explicou.
Segundo Mirza Cordeiro, quando é confirmado a doença no animal é realizada a eutanásia pelo Centro de Zoonoses, com uma ressalva de que o tratamento pode ser realizado, mas deve ser custeado particularmente ou via tratamento medicamentoso e consentimento da família de que, estar com o animal infectado é um risco que todos podem correr.
“Não existe a cura, mas o animal pode ser tratado por uma medicação liberada pelo Ministério da Saúde e o encoleiramento do animal, porque ele vai ter a doença pelo resto da vida e para não ser um potencial reservatório da doença”, acrescentou Mirza.
É importante frisar que o Centro de Zoonoses não é um abrigo de animais, mas um local que deve promover o controle das doenças zoonóticas. Recentemente, passou a ser reconhecido também como Unidade de Vigilância Zoonóticas.
“São doenças que podem ser transmitidas para os humanos. De acordo com as localidades, a gente pode ter várias doenças, no caso de Feira de Santana, a raiva, tivemos diversos casos com morcegos e este ano temos novamente, então é preciso fazer essa vigilância, da raiva nesses animais. Fazemos a esporotricose, leishmaniose e animais como pombos, escorpiões”, explicou.
Fonte: Acorda Cidade