Fotógrafo sobrevivente a queda de avião vai lançar livro de imagens aéreas da Bahia
Escrito por Agência DM3 em 12/07/2022
Se as fotos do baiano Rui Rezende já são de fazer os olhos brilharem, a história por trás das lentes é tão brilhante quanto. Quem vê os registros do fotógrafo com mais de 23 anos de carreira, não imagina o que ele passou até chegar à fase final do seu oitavo livro, intitulado Bahia Aérea. Uma obra pensada e trabalhada há mais de uma década, com o objetivo de retratar as belezas do nosso estado visto de cima. Cliques dos quatro cantos da Bahia, percorrida pelo céu por este baiano, sobrevivente de um acidente aéreo.
Rui ficou 42 dias internado, sendo dez deles em coma. Ele precisou passar por seis cirurgias. Apesar do acidente, não perdeu a paixão por voar. Um encanto que lhe acompanha desde a infância, quando pensava em ser piloto da Força Aérea Brasileira (FAB).
“Voar e fotografar são as melhores coisas que a gente pode fazer vestido. Se uma mariposa passar em minha frente e me disser que me aguenta, eu monto nas asas dela e saio voando”, brincou o fotógrafo, que já saltou algumas vezes de paraquedas. O baiano tem sido tão determinado nesse trabalho que, depois da queda do avião, a primeira foto que ele fez foi aérea e para esse livro.
Para fazer o registro, o amargosense sobrevoou de helicóptero uma das maiores festas populares de Salvador, a procissão marítima do Bom Jesus dos Navegantes. “Foi no dia 1° de janeiro de 2015. Fretei o helicóptero para voar e retratar esta procissão, já pensando no meu livro com fotos aéreas do estado da Bahia”, contou Rui, que seguiu trabalhando para a sua oitava obra, voando de todo tipo de aeronave. Entre elas, parapente, paramotor, paratracker, balão, flyboat, girocóptero, helicóptero e avião.
O fotógrafo já se aproxima de 500 horas de voo, só pela Bahia, chegando a marca de quase 100 mil fotos tiradas. Deste total, 240 serão escolhidas pelo amargosense para compor o livro Bahia Aérea. A coletânea vai reunir imagens desde a capital até as cidades mais remotas do estado, com lugares pouco frequentados, nunca fotografados antes. Registros da flora e da fauna, manifestações culturais, costumes e do dia a dia dos personagens da vida real.
Festas como a de Yemanjá, realizadas tanto em Salvador, quanto em Barreiras. Paisagens como cachoeiras, montanhas e praias. Diversos tipos de meios de transporte que trafegam pelo estado, a exemplo de cavalo, bicicleta, trator e navio. Cliques feitos de cima em todas as regiões do estado, nenhum deles com drone.
O livro também traz Parques Nacionais belíssimos, mas ainda pouco divulgados, como o do Alto do Cariri e do Grande Sertão Veredas. Sem falar da agricultura, desde a familiar ao agronegócio. Bem como das feiras livres, dos portos e aeroportos, das estradas, pontes, indústrias e da arquitetura típica de cada região sobrevoada. Tudo isso pelo olhar diferenciado do experiente fotógrafo, com o uso dos melhores equipamentos existentes no mundo. O baiano tem como premissa o respeito pelas pessoas e pelos lugares. Apesar das obras de arte pintadas pelas suas lentes, Rui Rezende não gosta de ser chamado de artista. “O artista é Deus, eu sou apenas o retratista”, define o amargosense.