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Desafios do autismo no Brasil: o que você precisa saber sobre diagnóstico e inclusão escolar

Escrito por   em 06/04/2025

No Brasil, cerca de uma em cada 30 crianças é diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo um estudo da Universidade de Passo Fundo, em parceria com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Mas, apesar de seu crescente reconhecimento, o acesso ao diagnóstico precoce, ao tratamento e à educação especializada ainda enfrenta enormes obstáculos, que são agravados pelas condições socioeconômicas de muitas famílias.

Embora o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril, seja uma data importante para a disseminação de informações e redução de preconceitos, ainda há muito a ser feito para garantir que as pessoas autistas recebam o suporte adequado.

Luiz Fernando, estudante e escritor diagnosticado com autismo aos dois anos, é um exemplo de como a sociedade ainda nega o transtorno, dificultando a vida de muitas pessoas afetadas. “Quando eu nasci, eu tinha autismo, mas a sociedade não via isso como uma realidade”, afirma. Luiz, que é autor do livro Tanuki Bros: Os primeiros autistas no espaço, acredita que a falta de entendimento sobre o autismo agrava ainda mais os desafios enfrentados por essas pessoas.

Desafios na inclusão escolar e formação docente
A inclusão escolar de crianças autistas continua sendo um grande desafio. A falta de profissionais especializados nas escolas públicas e a formação inadequada de professores comprometem a efetividade da educação inclusiva. A psicopedagoga Fernanda Menezes destaca que cada criança com TEA apresenta características únicas, e é preciso um olhar atento para as necessidades específicas de cada aluno.

Além disso, a escassez de acompanhantes terapêuticos e a demora no envio de Auxiliares de Desenvolvimento Infantil (ADIs) prejudicam o desenvolvimento dessas crianças. “Na educação pública, muitos desses profissionais demoram para ser alocados, o que impacta diretamente no processo de inclusão”, alerta Fernanda.

Importância do diagnóstico precoce e o apoio das famílias
O diagnóstico precoce do TEA é fundamental para o desenvolvimento da criança, permitindo a intervenção adequada e a promoção de habilidades. A psicopedagoga reforça que, quanto mais cedo o autismo for identificado, menores serão as barreiras no desenvolvimento social e educacional da criança. Além disso, os pais têm um papel crucial nesse processo, buscando profissionais qualificados para acompanhar o desenvolvimento do filho.

Entretanto, o acesso ao diagnóstico e à terapia ainda é um grande desafio para famílias de baixa renda. Fabiani Borges, advogada e presidente da Autimais, revela que o apoio financeiro e institucional para as famílias de pessoas com autismo é desigual, especialmente entre famílias em situação de vulnerabilidade social.

A luta contra o preconceito e as barreiras sociais
Além dos desafios do diagnóstico e da educação, as pessoas com TEA enfrentam preconceito e falta de compreensão por parte da sociedade. Muitas vezes, o autismo é visto de maneira estigmatizada, e até mesmo entre profissionais de saúde e educação, o desconhecimento sobre as especificidades do transtorno impede um atendimento adequado.

Fabiani enfatiza que, para transformar a realidade das pessoas autistas e suas famílias, é essencial fornecer informações corretas e combater mitos como a falsa crença de que vacinas causam autismo. Ela também luta para garantir que todos, independentemente de sua classe social, tenham acesso ao suporte necessário.

“O autismo não se divide apenas em níveis 1, 2 e 3, mas também em classe social”, observa.

Criação da Autimais e o apoio contínuo
A Autimais nasceu com o intuito de oferecer suporte e informações para mães e famílias de pessoas autistas. Fabiani compartilha sua experiência e conhecimento para ajudar outras mães a lidarem com as dificuldades diárias, e seu objetivo é transformar o coletivo em uma fundação para oferecer um suporte mais abrangente. A luta pela conscientização sobre o autismo continua, e Fabiani ressalta que, apesar dos desafios, é a informação que pode transformar as vidas das pessoas autistas e suas famílias.

O Dia Mundial de Conscientização do Autismo é uma data importante, mas a luta pela inclusão e pelo apoio adequado é diária e contínua. Como lembra Fabiani, “o autismo não vai mudar, mas a forma como lidamos com ele pode. A informação transforma vidas”.


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