Escrito por Agência DM3 em 21/07/2023
Jequié, Santo Antônio de Jesus, Simões Filho e Camaçari encabeçam a lista de municípios mais violentos do Brasil, com mais de 100 mil habitantes. Historiador Dudu Ribeiro fala sobre o índice de segurança na Bahia Jequié, Santo Antônio de Jesus, Simões Filho e Camaçari. As quatro cidades baianas têm uma coisa em comum: encabeçam a lista de municípios mais violentos do Brasil, com mais de 100 mil habitantes. (Conheça municípios abaixo) A cidade de Jequié, no sudoeste da Bahia, foi a mais violenta do Brasil. TV Sudoeste Nesta sexta-feira (21), o g1 te ajuda a entender como a violência escalou nestes lugares. Os quatro municípios estão no mesmo patamar de taxa de mortes violentas intencionais, de acordo com apuração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados na quinta (20), em anuário. São enquadradas como mortes violentas intencionais o homicídios dolosos (incluindo feminicídios); lesões corporais que terminam com morte; latrocínios, que é quando a vítima é assassinada para que o roubo seja concluído; mortes de policiais e também assassinatos cometidos por policiais. O especialista em segurança pública, co-fundador e coordenador executivo da Iniciativa Negra Por uma Nova Política de Drogas (INNPD) descreve três fatores que contribuíram para o avanço das mortes violentas. “Nós temos um conjunto de fatores e um deles, com certeza, é a migração de organizações ligadas ao comércio ilícito de armas e drogas para o Nordeste, vindos do Sudeste. Outro fator é a pulverização de um conjunto de organizações atuando neste mercado. E o terceiro é o investimento em uma lógica de polícia que favorece o confronto”. “Essa lógica chamada de ‘guerra às drogas’, mas que na verdade é uma guerra contra pessoas, e não contra substâncias”. Anuário Brasileiro de Segurança Pública Além de Jequié, Santo Antônio de Jesus, Simões Filho e Camaçari, a Bahia aparece na lista das 50 cidades mais violentas outras oito vezes: Feira de Santana, Juazeiro, Teixeira de Freitas, Salvador, Ilhéus, Luís Eduardo Magalhães, Eunápolis e Alagoinhas. “A gente tem que pensar que precisa mudar a rota da segurança pública. Atualmente, nós estamos investindo ainda em uma mesma ótica de incentivo à repressão, ao confronto e à ocupação de territórios, e a gente não tem produzido mais segurança para a população baiana”. Dudu analisa que é preciso atuar em frentes diferentes e produzir alternativas macro, para reduzir a quantidade de municípios baianos no ranking de violência. Para ele, o primeiro passo é investir em ciência de dados, para ter conhecimento da real situação da violência e atuar adequadamente. “Falar em ciência é investir em bom dados e transparência de dados em segurança pública, para a gente conhecer melhor a realidade que a gente está atuando, para fazermos melhores opções. É investir o dinheiro em segurança pública, pensando que segurança pública não é só polícia: é investir em educação, cultura, emprego e lazer, em condições e oportunidades para a população, e isso sim reduz cientificamente os dados da violência”. As cidades mais violentas: Jequié Jequié, no sudoeste da Bahia TV Sudoeste Jequié tem a 11ª maior população da Bahia, com 158.812 habitantes recenseados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022 – ano em que foi feita a apuração que a colocou como líder na violência no país. Em comparação com 2021, a “cidade sol” teve 57% de aumento no número de mortes violentas, saindo de 69 para 93 casos. A expectativa é de que haja redução no número de crimes, já que o primeiro semestre deste ano foi 12,5% menos violento que o de 2022. A escalada da criminalidade foi alimentada pela disputa pelo tráfico de drogas e pela atuação de facções dentro do Conjunto Penal de Jequié. A cidade é cortada pela maior rodovia federal do país, a BR-116, além da BR-330 e da BA-130, o que facilita a entrada e a fuga de bandidos. Santo Antônio de Jesus Cidade de Santo Antônio de Jesus, na Bahia Divulgação/Luciano Almeida Considerada a capital do Recôncavo Baiano, Santo Antônio de Jesus tem a 18ª maior população do estado, com 103.055 moradores. O maior polo comercial da região fica no município, que também tem como cultura a agropecuária e a produção de alimentos, como amendoim, limão e laranja. A cidade tem ainda indústrias de colchões, aves, vidro, artigos de plásticos e embalagens, além de ser produtora de argila e areia. Santo Antônio de Jesus é cortada pela 2ª principal rodovia federal do Brasil, a BR-101 e também pela BA-026 e a BA-046. Simões Filho Simões Filho é rodeada por área de matas, que facilitam a fuga de bandidos Prefeitura de Simões Filho Pertencente à Região Metropolitana de Salvador, Simões filho é a 7ª maior economia e 14ª população da Bahia. Com 114.441 habitantes, é um dos mais fortes polos industriais da Bahia, com quase 200 indústrias de diversos seguimento. O porto natural protegido a baía de Aratu torna a cidade uma importante via de escoamento de produção das indústrias locais. Simões Filho é cortada pela BR-324 e BA-093, além de margeada pelas rodovias baianas BA-526 e BA-535. A proximidade com as rodovias e a extensa área de matagal que o município possui o tornam um ponto estratégico para o tráfico de drogas. Camaçari Imagem aérea de Camaçari Divulgação/Prefeitura/José Carlos Almeida Camaçari é uma cidade essencialmente industrial. Ela, que tem o 2º maior Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia, atrás apenas de Salvador, abriga o Polo Industrial que é o maior do complexo do hemisfério Sul, onde fica o primeiro complexo petroquímico planejado do Brasil. Com 299.579 moradores, o município tem a 4ª maior população do estado e é cortada por três rodovias estaduais: as BAs-093, 512, 535 e 531. Assim como Simões Filho, Camaçari também é cortada pela BR-324, o que favorece o tráfico de drogas. 50 cidades mais violentas do país.
Fonte: G1